quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

PLATÃO

            
             A chamada filosofia clássica se caracterizada pela problemática do conhecimento, que envolve a possibilidade de se conhecer o mundo, o método para se chegar a esse conhecimento, os instrumentos utilizados nessa busca de conhecimento, que seriam o sentido e a razão e o objeto do conhecimento com discussões em torno de qual objeto deve-se focar na busca do conhecimento. A filosofia clássica caracteriza o contexto em torno do qual Platão desenvolveu sua obra.
            Platão nasceu em 427 a.C, em Atenas, em uma família da aristocracia envolvida com a política e faleceu em 347 a.C. Platão foi discípulo de Crátilo e posteriormente de Sócrates.
            Marcondes (2010) caracteriza a temática da obra de Platão como sendo uma reflexão em torno dos costumes, dos valores, das ideias e da decadência de Atenas e afirma, ainda, que essa temática se deve a busca de Platão pelo entendimento do contexto político que condenou Sócrates, seu mestre, a morte.
            De acordo com Marcondes (2010) a obra de Platão, composta por questionamentos relacionados à religião, ao significado da democracia e do ensinar e ao valor da arte, demonstra sua preocupação com a ciência, a moral e a política. Desse modo, na obra de Platão o conhecimento assume um papel pedagógico e político.
            Para Platão o discurso filosófico deve ser legítimo e apresentar um caráter universal, devendo ser, para tanto, crítico e reflexivo. Assim, por meio do diálogo e do uso da razão deve-se buscar a verdade. Utilizando do método dialético torna-se possível o questionamento, a análise crítica e a observação das origens de ideias e de conceitos.
            Segundo Marcondes (2010), apesar de ter sido discípulo de Sócrates, a filosofia de Platão contém uma crítica ao mestre. Para Sócrates, a filosofia seria um método de análise por meio do qual o indivíduo teria uma melhor compreensão de si mesmo, de sua experiência e de sua realidade. Assim, a filosofia enquanto método de reflexão levaria o indivíduo a um processo de transformação intelectual e de revisão e reavaliação de suas crenças e valores. Para Platão, a filosofia é a capacidade de conhecer a verdade, observando a natureza das coisas em seu sentido eterno e imutável por meio de um processo de abstração das experiências concretas. Assim, para Platão, a filosofia é essencialmente teoria.
            Platão considera uma relação entre teoria e prática e, nesse sentindo, argumenta que toda ação humana está relacionada com uma escolha feita pelo indivíduo. Nesse processo de escolha, o indivíduo apresenta uma decisão, feita por meio da consideração de determinados critérios. A consideração dos critérios para a decisão envolve o papel da teoria no processo, uma vez que os critérios são formados a partir de definições, de princípios, do conhecimento, que por sua vez se forma a partir do raciocínio teórico. A escolha das decisões não deve ser feita baseada no concreto ou em experiência particular e sim por meio de princípios e valores gerais. Desse modo, as decisões não devem ser casuísticas e sim universais. Assim, uma ação é legítima quando antes de sua prática houve um raciocínio teórico, sendo a decisão baseada em princípios gerais, em normas. Surge, então, a ideia de racionalidade.
            Platão desenvolve uma teoria em relação à existência das formas em torno da qual apresenta a hipótese inatista e a doutrina da reminiscência ou anamnese. A hipótese inatista seria a devesa de que o indivíduo apresenta um conhecimento inato presente em sua alma desde o nascimento. Por meio da maiêutica socrática, que seria uma espécie de acompanhamento e guia do raciocínio do outro, a fim de despertar no indivíduo um conhecimento já presente, torna-se possível o entendimento de novas questões. A reminiscência ou anamnese, por sua vez, seria a possibilidade do indivíduo entrar em contanto com esse conhecimento prévio.
            A obra de Platão revela, ainda, a tradição mitológica grega, que permanece enquanto recurso de linguagem e de estilo por meio do qual se pode falar sobre determinados temas de modo sugestivo, fazendo uso de imagens e de símbolos.
O Mito da Caverna, presente no livro VII de A República, apresenta o modo como indivíduos, prisioneiros de uma caverna desde o nascimento, formam seus conceitos e ideias sobre o mundo tendo contato apenas com as sombras dos objetos que passam atrás deles.
Marcondes (2010) apresenta uma reflexão sobre O mito da Caverna, famoso entre as obras de Platão. Nessa análise, a caverna representa o mundo em que vivemos e os prisioneiros são, portanto, nós, homens comuns, sendo prisioneiros de hábitos e de preconceitos. As sombras de fato existem, porém apresentam apenas um aspecto dos objetos que circulam atrás dos prisioneiros. Os homens que carregam os objetos de onde se originam as sombras representam os manipuladores dos pensamentos dos sujeitos comuns. Os homens seriam, portanto, os sofistas e os políticos atenienses. A necessidade que o ex-prisioneiro da caverna apresenta ao entrar em contato com novas ideias e conhecimentos, demonstra a importância que Platão atribui a adaptação. O momento em que o indivíduo pode olhar para o sol representa o olhar desse indivíduo para a realidade. A volta do prisioneiro a caverna, mostra a preocupação desse indivíduo em dividir o conhecimento que adquiriu e passar para os seus companheiros a existência de uma realidade mais complexa.
Referências
Marcondes, D. (2010). Iniciação á História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein (3a ed.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Oliveira, C. M. B. de & Trotta, W. (2007). A dimensão política segundo Platão e a crítica de Aristóteles. Rio de Janeiro: UNESA. Recuperado em 15 de fevereiro de 2012, de http://www.achegas.net/numero/32/clara_e_trotta_32.pdf

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