quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

HELENISMO


            Trata-se de um período transitório entre a Antiguidade clássica e a Idade Média cristã, se atribui uma grande importância a tal período, pois nele há a formação de uma tradição cultural a qual grande parte das pessoas pertence nos dias de hoje.
            O helenismo foi uma conquista de Alexandre, pois ele difundia a cultura e os costumes dos gregos nos territórios que conquistava. O grego passou a ser a língua oficial do império de Alexandre e também depois da divisão desse império em outros vários após sua a morte, assim como a moeda grega, que passou a ser aceita em toda a parte desses territórios.
            A cidade de a Alexandria, capital do reino grego estabelecido no Egito por seu sucessor Ptolomeu, foi o grande centro do helenismo. Lá foi fundado o Museum, a biblioteca mais importante da época que se tornou um imenso centro científico e da cultura grega, de ensino e de pesquisas. Fora atacada diversas vezes por Júlio César, pelas forças cristãs e por último pelos árabes, perdendo-se assim grande parte do saber antigo que continha nos manuscritos do Museum.
            O Museum era um centro de grande produção científica. Ciências que conhecemos e estudamos hoje como matemática, geometria, medicina, linguagem, astronomia e geografia, foram alvo de muitas pesquisas e se desenvolveram muito durante esse período, assim como a ética, entendida como o estabelecimento de regras para o bom convívio entre as pessoas foi extremamente debatida e discutida neste período.
            O ecletismo se caracteriza também como grande traço da cultura helenística, pois muitos autores tentavam realizar síntese entre vários pensadores gregos, tentando conciliar posições divergentes que aparentemente seriam inconciliáveis, este era o espírito do período helenístico.
            Estoicismo, epicurismo e ceticismo se caracterizam como as grandes escolas filosóficas do helenismo e Plotino um dos filósofos de destaque nesse período.
Referência
Marcondes, D. (2010). Iniciação á História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein (3a ed.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

ARISTÓTELES


Aristóteles, nascido na antiga Estágira, na Macedônia, em 384 a.C., foi transferido para Atenas com dezoito anos, onde se tornou discípulo da Academia de Platão. Após a morte do mestre, seus pensamentos tomam novos rumos, partindo de críticas ás filosofias dos pré-socráticos e platônica. Tinha interesse pela pesquisa empírica e por questões biológicas, gostava de dar aulas caminhando, originando a “escola peripatética” (de “peripatos”, o caminho). Foi fundador da escola Liceu, e também preceptor de Alexandre. Faleceu em Cálcis, em 322 a.C.
Contrário ao dualismo de Platão, Aristóteles foi responsável por uma redefinição da filosofia. Devido à dificuldade de explicar a suposta relação entre mundo sensível e inteligível, com base na teoria das ideias, em que a relação pode ser interna, quando existem elementos comuns, implicando em uma natureza comum e, por conseguinte, em uma relação não problemática, ou externa, quando as naturezas são distintas e não há elementos comuns, e a relação então é feita por um ponto externo que serve de elo, e que vai sempre precisar de um outro ponto externo para ser relacionado, tornando-se uma relação problemática, que vai precisar de um numero infinito de pontos, consistindo no paradoxo da relação, em que, ou relação é interna e não há problemas e que implica em um dualismo, ou é externa e problemática.
Aristóteles então levanta a concepção de real, substância individual (synolon), como ponto de partida da sua metafisica. Os indivíduos seriam constituintes da realidade, evitando o dualismo, e seriam compostos de matéria (hyle), principio de individuação, e forma (eidos), maneira como a matéria se organiza, e somente no intelecto humano seria possível separar a matéria da forma, pela abstração, de modo que as formas não existem em um mundo inteligível independente do mundo dos objetos. Assim afirma Marcondes (2010):
 A ideia de homem é apenas uma natureza comum a todos os homens, não pode existir isoladamente. A ideia ou forma é um principio de determinação que faz com que um indivíduo pertença a uma determinada espécie. Porém, apenas as substâncias existem; se não existissem indivíduos, nada existiria, nem gêneros, nem espécies (p.72)
A existência da substancia individual vai influenciar na qualidade, quantidade e relações das outras coisas, ou seja, a causa de algo ser aquilo que é. A elaboração da teoria do ser, na metafisica de Aristóteles, tem três distinções: essência e acidente, aquilo que faz com que a coisa seja e as características mutáveis da coisa; necessidade e contingência, características essenciais, sem as quais as coisas deixam de ser o que são e as contingentes são variáveis; e ato e potência, em que uma coisa pode ser una e múltipla.
Outra critica de Aristóteles aos outros filósofos, foi o problema da Causalidade. Ele distingue as causas em quatro dimensões: formal, o que faz com que a coisa seja o que é; material, elemento constituinte da coisa; eficiente, agente de transformação da coisa; e a causa final, que seria a finalidade da coisa.
Na concepção do saber do sistema de Aristóteles, que estabelece a ciência como conhecimento do real, são buscados os primeiros princípios, a ciência do ser, as ciências que examinam o ser em movimento, o estudo do ser vivo, sensível e inteligente. Ainda constituindo esse sistema, inclui-se a ética e a politica, como saber prático, estabelecendo normas e critérios de boa forma de agir, e o saber produtivo, que consiste nos estudos de estética. Por fim, considera-se a lógica aristotélica, além do seu sistema, considerado um saber instrumental pressuposto por todos os outros saberes.
Referências
Marcondes, D. (2010). Iniciação á História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein (3a ed.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

O Mito da Caverna - vídeo


PLATÃO

            
             A chamada filosofia clássica se caracterizada pela problemática do conhecimento, que envolve a possibilidade de se conhecer o mundo, o método para se chegar a esse conhecimento, os instrumentos utilizados nessa busca de conhecimento, que seriam o sentido e a razão e o objeto do conhecimento com discussões em torno de qual objeto deve-se focar na busca do conhecimento. A filosofia clássica caracteriza o contexto em torno do qual Platão desenvolveu sua obra.
            Platão nasceu em 427 a.C, em Atenas, em uma família da aristocracia envolvida com a política e faleceu em 347 a.C. Platão foi discípulo de Crátilo e posteriormente de Sócrates.
            Marcondes (2010) caracteriza a temática da obra de Platão como sendo uma reflexão em torno dos costumes, dos valores, das ideias e da decadência de Atenas e afirma, ainda, que essa temática se deve a busca de Platão pelo entendimento do contexto político que condenou Sócrates, seu mestre, a morte.
            De acordo com Marcondes (2010) a obra de Platão, composta por questionamentos relacionados à religião, ao significado da democracia e do ensinar e ao valor da arte, demonstra sua preocupação com a ciência, a moral e a política. Desse modo, na obra de Platão o conhecimento assume um papel pedagógico e político.
            Para Platão o discurso filosófico deve ser legítimo e apresentar um caráter universal, devendo ser, para tanto, crítico e reflexivo. Assim, por meio do diálogo e do uso da razão deve-se buscar a verdade. Utilizando do método dialético torna-se possível o questionamento, a análise crítica e a observação das origens de ideias e de conceitos.
            Segundo Marcondes (2010), apesar de ter sido discípulo de Sócrates, a filosofia de Platão contém uma crítica ao mestre. Para Sócrates, a filosofia seria um método de análise por meio do qual o indivíduo teria uma melhor compreensão de si mesmo, de sua experiência e de sua realidade. Assim, a filosofia enquanto método de reflexão levaria o indivíduo a um processo de transformação intelectual e de revisão e reavaliação de suas crenças e valores. Para Platão, a filosofia é a capacidade de conhecer a verdade, observando a natureza das coisas em seu sentido eterno e imutável por meio de um processo de abstração das experiências concretas. Assim, para Platão, a filosofia é essencialmente teoria.
            Platão considera uma relação entre teoria e prática e, nesse sentindo, argumenta que toda ação humana está relacionada com uma escolha feita pelo indivíduo. Nesse processo de escolha, o indivíduo apresenta uma decisão, feita por meio da consideração de determinados critérios. A consideração dos critérios para a decisão envolve o papel da teoria no processo, uma vez que os critérios são formados a partir de definições, de princípios, do conhecimento, que por sua vez se forma a partir do raciocínio teórico. A escolha das decisões não deve ser feita baseada no concreto ou em experiência particular e sim por meio de princípios e valores gerais. Desse modo, as decisões não devem ser casuísticas e sim universais. Assim, uma ação é legítima quando antes de sua prática houve um raciocínio teórico, sendo a decisão baseada em princípios gerais, em normas. Surge, então, a ideia de racionalidade.
            Platão desenvolve uma teoria em relação à existência das formas em torno da qual apresenta a hipótese inatista e a doutrina da reminiscência ou anamnese. A hipótese inatista seria a devesa de que o indivíduo apresenta um conhecimento inato presente em sua alma desde o nascimento. Por meio da maiêutica socrática, que seria uma espécie de acompanhamento e guia do raciocínio do outro, a fim de despertar no indivíduo um conhecimento já presente, torna-se possível o entendimento de novas questões. A reminiscência ou anamnese, por sua vez, seria a possibilidade do indivíduo entrar em contanto com esse conhecimento prévio.
            A obra de Platão revela, ainda, a tradição mitológica grega, que permanece enquanto recurso de linguagem e de estilo por meio do qual se pode falar sobre determinados temas de modo sugestivo, fazendo uso de imagens e de símbolos.
O Mito da Caverna, presente no livro VII de A República, apresenta o modo como indivíduos, prisioneiros de uma caverna desde o nascimento, formam seus conceitos e ideias sobre o mundo tendo contato apenas com as sombras dos objetos que passam atrás deles.
Marcondes (2010) apresenta uma reflexão sobre O mito da Caverna, famoso entre as obras de Platão. Nessa análise, a caverna representa o mundo em que vivemos e os prisioneiros são, portanto, nós, homens comuns, sendo prisioneiros de hábitos e de preconceitos. As sombras de fato existem, porém apresentam apenas um aspecto dos objetos que circulam atrás dos prisioneiros. Os homens que carregam os objetos de onde se originam as sombras representam os manipuladores dos pensamentos dos sujeitos comuns. Os homens seriam, portanto, os sofistas e os políticos atenienses. A necessidade que o ex-prisioneiro da caverna apresenta ao entrar em contato com novas ideias e conhecimentos, demonstra a importância que Platão atribui a adaptação. O momento em que o indivíduo pode olhar para o sol representa o olhar desse indivíduo para a realidade. A volta do prisioneiro a caverna, mostra a preocupação desse indivíduo em dividir o conhecimento que adquiriu e passar para os seus companheiros a existência de uma realidade mais complexa.
Referências
Marcondes, D. (2010). Iniciação á História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein (3a ed.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Oliveira, C. M. B. de & Trotta, W. (2007). A dimensão política segundo Platão e a crítica de Aristóteles. Rio de Janeiro: UNESA. Recuperado em 15 de fevereiro de 2012, de http://www.achegas.net/numero/32/clara_e_trotta_32.pdf

SÓCRATES



            Sócrates nasceu em Atenas por volta de 470 a.C, é de origem humilde, filho de um escultor, Sofronisco e de uma parteira, Fenareta. Sócrates era criticado e combatido por alguns, que via ele como uma ameaça para as tradições da polis e pernicioso à juventude, porém era admirado e enaltecido por outros, particularmente pelos jovens.    Seu objeto principal de investigação era o homem e seu comportamento. Interessava-se por assuntos humanos, reconduzindo a sabedoria a uma investigação sobre a vida e os costumes, os bens e os males humanos. Conduzia a dois objetivos: contemplar Deus e subtrair a alma à dominação dos sentidos, sendo essa alma, segundo ele afirmava, imortal, porque tudo é imortal em essência. Não levava em conta fatores de natureza social e econômica. Acreditava que o melhor modo para as pessoas viverem era se concentrando no próprio desenvolvimento ao invés de buscar a riqueza material e que a virtude era a mais importante de todas as coisas. Para Sócrates, a Filosofia não é uma profissão e sim “um modo de vida”, mostra-nos que o exercício do filosofar é, essencialmente, o exercício do questionamento, da interrogação sobre o sentido do homem e do mundo
            Sócrates atribuía uma enorme importância ao diálogo na procura do saber, desprezando o papel da escrita. Através do diálogo pretendia não apenas despertar as consciências para a questão do saber, mas também ajudá-las nessa busca. Afirmava que sua sabedoria era limitada a sua própria ignorância, “só sei que nada sei”. Ele acreditava que os atos errados eram conseqüência da própria ignorância. O método socrático constituía-se de duas partes: a primeira, a ironia mostrava os limites, as falhas, os preconceitos do pensamento comum, demonstrar ao indivíduo através de perguntas a sua ignorância, e a segunda, a maiêutica iniciava no processo de busca da verdadeira sabedoria. Numa situação de conflito e de incertezas o ironista, depois de realizar o exercício da desconstrução e da negatividade, deve ajudar as pessoas a darem a luz às verdades que, no entender de Sócrates, traziam dentro de si a totalidade do conhecimento. Ele dizia que praticava a mesma arte que sua mãe que era parteira, a arte maiêutica tinha as características da arte das parteiras, que fazem parir, mas a arte maiêutica faz parir ideias.
            Opunha-se à democracia que era praticada em Atenas durante sua época. Acreditava que a perfeita república deveria ser governada por filósofos. Acreditava também que os tiranos eram até mesmo menos legítimos que a democracia. Acabou sendo acusado de ateísmo e de corromper os jovens com a sua filosofia e condenado a morte. Aos 70 anos Sócrates diante dos amigos morreu envenenado.
             Platão na juventude tornou-se discípulo de Sócrates, com quem conviveu muitos anos. Após a morte de Sócrates ele compilou e continuou a doutrina de Sócrates. Os diálogos socráticos são uma série de diálogos escritos por Platão e Xenofonte na forma de debates entre Sócrates e outras pessoas de sua época; ou mesmo debates entre seus seguidores. A maioria dos diálogos aplica o método socrático: A República, Apologia de Sócrates, Críton, Fédon.

Referências
Ismael, J.C. (2004). Sócrates e a Arte de Viver: um Guia para a Filosofia no Cotidiano. São Paulo: Editora Ágora.

Marcondes, D. (2010). Iniciação á História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein (3a ed.). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

Meinberg, M. (2003). Sócrates: A Individualidade na Grécia. Revista Philosophica, 1(26), 1-11. Recuperado em 14 de fevereiro de 2012, de http://www.philosophica.ucv.cl/meinberg.pdf

Mendes, A.A.P., Borges, A.P., Leal, B.K.D.P., Kaminski, L.E., Santos, E.C., Marçal, J., Cardoso, J.V.H.F.O. (2006). Filosofia. Curitiba: SEED-PR.

Pessanha, J. A. M. (1987). Sócrates (J. Bruna, L. R. de Andrade e G. M. R. Strazynski, trads.). São Paulo: Nova Cultural.