Aristóteles,
nascido na antiga Estágira, na Macedônia, em 384 a.C., foi transferido para
Atenas com dezoito anos, onde se tornou discípulo da Academia de Platão. Após a
morte do mestre, seus pensamentos tomam novos rumos, partindo de críticas ás
filosofias dos pré-socráticos e platônica. Tinha interesse pela pesquisa
empírica e por questões biológicas, gostava de dar aulas caminhando, originando
a “escola peripatética” (de “peripatos”, o caminho). Foi fundador da escola
Liceu, e também preceptor de Alexandre. Faleceu em Cálcis, em 322 a.C.
Contrário
ao dualismo de Platão, Aristóteles foi responsável por uma redefinição da
filosofia. Devido à dificuldade de explicar a suposta relação entre mundo
sensível e inteligível, com base na teoria das ideias, em que a relação pode
ser interna, quando existem elementos comuns, implicando em uma natureza comum
e, por conseguinte, em uma relação não problemática, ou externa, quando as
naturezas são distintas e não há elementos comuns, e a relação então é feita
por um ponto externo que serve de elo, e que vai sempre precisar de um outro
ponto externo para ser relacionado, tornando-se uma relação problemática, que
vai precisar de um numero infinito de pontos, consistindo no paradoxo da
relação, em que, ou relação é interna e não há problemas e que implica em um
dualismo, ou é externa e problemática.
Aristóteles
então levanta a concepção de real, substância individual (synolon), como ponto
de partida da sua metafisica. Os indivíduos seriam constituintes da realidade,
evitando o dualismo, e seriam compostos de matéria (hyle), principio de
individuação, e forma (eidos), maneira como a matéria se organiza, e somente no
intelecto humano seria possível separar a matéria da forma, pela abstração, de
modo que as formas não existem em um mundo inteligível independente do mundo
dos objetos. Assim afirma Marcondes (2010):
A ideia de homem é apenas uma natureza comum a
todos os homens, não pode existir isoladamente. A ideia ou forma é um principio
de determinação que faz com que um indivíduo pertença a uma determinada
espécie. Porém, apenas as substâncias existem; se não existissem indivíduos,
nada existiria, nem gêneros, nem espécies (p.72)
A
existência da substancia individual vai influenciar na qualidade, quantidade e
relações das outras coisas, ou seja, a causa de algo ser aquilo que é. A
elaboração da teoria do ser, na metafisica de Aristóteles, tem três distinções:
essência e acidente, aquilo que faz
com que a coisa seja e as características mutáveis da coisa; necessidade e contingência,
características essenciais, sem as quais as coisas deixam de ser o que são e as
contingentes são variáveis; e ato e
potência, em que uma coisa pode ser una e múltipla.
Outra
critica de Aristóteles aos outros filósofos, foi o problema da Causalidade. Ele
distingue as causas em quatro dimensões: formal,
o que faz com que a coisa seja o que é; material,
elemento constituinte da coisa; eficiente,
agente de transformação da coisa; e a causa final,
que seria a finalidade da coisa.
Na
concepção do saber do sistema de Aristóteles, que estabelece a ciência como
conhecimento do real, são buscados os primeiros princípios, a ciência do ser,
as ciências que examinam o ser em movimento, o estudo do ser vivo, sensível e
inteligente. Ainda constituindo esse sistema, inclui-se a ética e a politica,
como saber prático, estabelecendo normas e critérios de boa forma de agir, e o
saber produtivo, que consiste nos estudos de estética. Por fim, considera-se a
lógica aristotélica, além do seu sistema, considerado um saber instrumental
pressuposto por todos os outros saberes.
Referências
Marcondes, D. (2010). Iniciação á
História da Filosofia: dos pré-socráticos a Wittgenstein (3a ed.). Rio de
Janeiro: Jorge Zahar.
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